Tony Bourdain mais uma vez acertou em cheio, no episódio do Uruguay. Em Montevidéo ele ensina as regras do churrasco:
Batatas são um desperdício de espaço. Evite. A menos que estejam encharcadas de sangue, gordura ou outro molho que você não consiga resistir dar uma mordida. Legumes: fora de questão. Pão é útil simplesmente para embeber o molho. O foco está na carne, meu amigo.
Depois ele vai viajando pelo interior, onde rola um churrasco de porco inteiro e - pense! - um tatu caçado pelo filho do fazendeiro. A dona da fazenda explica como são os almoços no sábado:
Nossas refeições começam com queijo e carne e amendoim e whiskey. Enquanto a gente 'cozinha', a comida cozinha.
Depois ele vai pra outra cidade onde o churrasco é com direito a um garrote assado inteiro numa fogueira daquelas de São João. O cara explica que gastou um "caminhão de lenha" pra cozinhar o rango.
Em Punta del Este - que Tony chama de "eixo da lipo" - rola um banho medicinal, seguido de caipirinhas e um polvo passado na manteiga que me fez lamber os beiços.
E pra acabar, de volta a Montevidéo, rola um "7 e 3": 7 partes de vinho e 3 partes de coca-cola, servidos em uma garrafa pet de 2 litros cortada no meio. Música de fundo: batuque de candonblé.
Quem pensaria que o Uruguay seria assim tão interessante. E que me lembraria tanto Salvador, e minhas férias na fazenda, e meu pai. Sim, estou aqui celebrando o São João e lembrando de meu pai cantando:
Não bote a mão no buraco do tatu,
Que é muito perigoso, e é preciso ter cuidado
Lá dentro pode ter uma cascavel, ou surucucu
esperando com o bote armado
Tony Bourdain, você é meu ídolo. Meu pai, quanta saudade.
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