Essa semana me dei conta que mesmo com 16 meses de experiência de ser mãe, ainda não sei nada.
Eu sabia que Maria ia pro Hawaii de férias - ela tinha pedido folga desde fevereiro. Desde então que tinha combinado com Yudi de deixar Tiago na creche em frente ao meu escritório. O lugar é de confiança, inclusive era a creche que eu queria colocar Tiago quando eu voltei a trabalhar. Mas foi chegar segunda-feira que me dei conta que Maria ia viajar na quarta de noite e de repente eu não estava mais à vontade de largar o menino com alguém que eu não conhecia.
Acordamos com Tiago chorando mais cedo que o normal. O berço tinha virado uma poça de vômito e bateu o desespero de mãe que nunca se viu nessa situação. Corre pra colocar o menino debaixo do chuveiro, com o tempo frio, o coração apertado. Depois do banho tomado e da roupa na máquina de lavar, Bibi vai pro trabalho.
Uma hora mais tarde Tiago continua chorando e eu acho que é fome, afinal de contas ele vomitou o jantar. Um copo de leite pra dentro, passa 10 minutos e um copo de leite todo pra fora - tipo O Exorcista. Quando chegou Maria eu estava uma pilha de nervos, sem querer ir pro trampo e deixar o bichinho assim. Passei a segunda com a cabeça no menino, ligando de hora em hora pra saber do progresso.
Terça-feira ele acorda melhor, mas Yudi e Maria acordam doentes. Passo o dia trabalhando de casa, entre comprar remédio pro marido enfermo, ligando pra babá pra saber se ela estava melhor, e lidando com Tiago que só queria colo o tempo todo. Embora ele tinha parado de vomitar, o apetite era não existente - coisa que nunca acontece.
Quarta-feira Tiago, Yudi e Maria estavam melhores, mas o meu coração estava ainda apertado. Fiz uma visita a creche e mesmo vendo tudo arrumadinho, não tinha paz. No dia seguinte me dei conta do porque.
Foi chegar na creche com Tiago, ver a sala de aula com a porta de vidro, as crianças lá dentro todas felizes, as professoras tão amáveis... e Tiago abriu o berreiro e se segurou na porta pra não entrar - EXATAMENTE como eu fiz quando minha mãe me levou na Edem e depois no Marista. A sensação de primeiro dia de aula, a ansiedade de ficar sozinha num lugar cheio de gente estranha.
Terminou que ele - e eu - sobrevivemos a experiência. A quinta-feira foi mais tranquila. Depois de brigar pra entrar na sala ele terminou se entretendo com os brinquedos novos e esqueceu da gente. Mas na sexta-feira ele já sabia o que ia acontecer e se agarrou na minha perna, chorando lágrimas grossas. Eu tentei acalmar a fera, mas não teve jeito. Da porta da creche eu ouvia o berro dele, e quem chegou aos prantos no trabalho foi eu. A sensação de pior mãe do mundo, que abandona o menino com estranhos por conta de minhas prioridades fora de prumo.
Quando Yudi chegou com ele da creche, o relatório indicava "rough morning". Pra todos nós, tio. Todos nós.
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