Não tenho tido tempo de escrever. Mentira. Não tenho feito tempo pra escrever. Entre a exaustão trazida pela falta de sono, a pressão auto-forçada de não fazer feio no trampo e a imensidão de novidades e medos de criar de uma criança, que quando tenho um tempinho pra mim vou é ver reality TV pra apagar o cérebro.
Mas tenho que registrar esse momento de mudança antes que a próxima mudança venha e só fique a mesmice de que nada fica igual.
Trinta de Abril, Bibi resolveu mudar o berço de Tiago pro outro quarto. Incrível como fazer as pequenas coisas fica mais complicado quando seus braços estão ocupados por uma coisinha da pele mais macia com cheirinho de bebê Johnsons. Uma parte de mim queria independência de ter meu quarto de volta pra mim. A outra parte estava se pelando de medo de ver meu filho tão longe.
Primeiro de Maio, acordei de manhã pra dar de mamar e encontrei o sujeito perpendicular ao berço. Não só passou a noite sozinho, mas aprendeu a se virar. Literalmente e figurativamente.
Bibi tinha marcado brunch num lugar maravilhoso aqui perto de casa, com vista pra Baía de San Francisco. Jurava que era dia das mães. Resolvi botar uma roupa bonita e celebrar meu momento de mãe independente e moderna com o filho no outro quarto. Precisou minha mãe me avisar no fim da tarde que o Dias das Mães era no outro fim de semana. E me mandar descansar.
Dois de Maio, chegou a babá. Imagina o que é estar tentando se adaptar à pessoinha nova na sua vida, e agora vem outra pessoona na sua casa, segurando seu bebê no colo. Minha mãe me deu o conselho "filha, não deixa nada de valor à vista pra não chamar atenção". Mãe, a coisa de mais valor que eu tenho - e que eu não posso substituir - é meu filho. E é exatamente o meu filho que entreguei na mão de Maria Helena e fui pro trabalho, com o coração apertado mas confiante que ia dar tudo certo. Babá é que nem marido - se você não confia, é melhor arranjar outro...
Cinco de Maio, visita ao pediatra. Tiago está crescendo e se desenvolvendo, embora esteja com o peso abaixo do normal. Depois de todas as minhas nóias com relação a amamentação, não era exatamente o resultado que eu queria ouvir. Aí o médico diz "minha filha, 'normal' é qualquer coisa entre o percentil 3 e o 97". Essa lição eu quero aplicar em todos os aspectos de minha vida.
Oito de Maio, dias das mães. Passei a manhã tentando ver se via minha mãe ou sogra no Skype e não tinha ninguém online. Como eu achei que já tinha comemorado no fim de semana anterior, pedi a Bibi pra cuidar de Tiago e me mandei pro cinema. Fui ver Fast Five.
O filme foi tão divertido e tão nada a ver com mães que saí do cinema com a sensação que um basculante pra minha vida pré-filho tivesse se aberto. Dava pra ver eu tendo liberdade de ir e vir sem pensar na dor de meus peitos cheios de leite. Na flexibilidade de dormir até mais tarde. No casulo de intimidade do meu relacionamento com Bibi. E sorri pra mim mesmo, por que o mais interessante é pensar no futuro e em tudo que ainda vou viver nessa família aumentada.
Quatorze de Maio, juntei tudo quanto foi roupa que usei durante a gravidez e fiz um pacote pra dar. Na verdade, três sacolas grandes. Primavera é tempo de renovação, e nada melhor que renovar o guarda-roupa. Eu perdi o peso todo da gravidez com 3 meses de parida, mas o formato do meu corpo mudou e demorou até agora pra eu estar em paz com minha nova silhueta. Aí coloquei o marido e o filho no carro e me piquei pro shopping.
Pois é. Cinco meses completos. Uma vida inteira por vir. Bring it on.
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