Nas Paradas da Gegeu

O ingrês de Japantown

Minha sogra viu uns cotonetes legais quando visitamos o Japão no ano passado, e então resolvemos passear em Japantown ontem pra ver se a gente achava o tal cotonete em alguma lojinha.

Não encontramos os cotonetes, mas de acabei de dar risada com o ingrês dos produtos à venda. A primeira coisa que vi foram as "calcinhas descartáveis para homem". Acho que ninguém avisou ao rapaz de marketing que "calcinha pra homem" chama-se "cueca".

Pior do que não saber o nome da cueca, é a explicação do produto:

Estamos apenas a um batimento do coração de distância. Um toque pode fazer acontecer. Nós podemos alcançar o outro lado se nós nos apergamos a paixão.

Hã??

Mas o ingrês não parou por aí. Saca só a "calça-sauna":

Pras pessoas que podem estar confusas em relação ao significado do termo "calça", vai a explicação de que é "para a parte de baixo do corpo". E acho que foi a mesma pessoa de marketing que escreveu a descrição:

A promoção da perspiração acontece intensivamente e trabalha a parte de baixo do corpo!!!

Perfeito. Simplesmente perfeito. Não sei o que eu compro primeiro...

A Saga do Enxoval: "Coloca aí esse do macaco!"

Sexta-feira eu entro no oitavo mês de gravidez e me dei conta que não tenho nada pro bebê. Fora o berço e a cômoda que compramos tem duas semanas, a gente não tem nada. Quando eu me preocupo, diz Yudi:

Bibi, eu tenho dinheiro na carteira e o supermercado fica do outro lado da rua. Tá tudo beleza.

Mas aí Ivo veio visitar com a esposa e ficou falando que a moda do brasileiro agora é ir pra Miami pra fazer enxoval de menino... Achei desaforo. Se esse pessoal marca viagem internacional pra fazer compras, então eu posso muito bem sentar no computador e fazer um enxoval online. 

Ledo engano. Navegar site de bebê é a coisa mais complicada do mundo. Se americano já é exagerado pra coisas do dia a dia (pode entrar em qualquer supermercado e ver que uma ala inteira é dedicada a tipos de cereal), imagina a quantidade de opção que tem pra coisa de nenêm. Algodão normal, algodão orgânico, botão do lado, botão nas costas, com elástico, sem elástico...

O dia foi acabando e eu sentada no computador. Aí tive que pedir PPU:

Eu: Bibi, vem aqui me ajudar pelamordedeus.

Bibi: O que foi?

Eu: Olha aqui as coisas do nenêm comigo.

Bibi (sem olhar): Tá ótimo.

Eu: Bibi, é sério. Eu vou enlouquecer daqui a pouco. É muita coisa pra escolher.

Bibi: Tem alguma coisa do macaco?

Eu: Do macaco?

Bibi: É! Cadê aqueles móbiles? Vamo pegar o do macaco.

Eu (vendo as opções): Tipo esse aqui? Com esse verde horrível?

Bibi: Horrível nada. Criança precisa ver cores. CORES.

Eu: Bibi, verde neon não existe na natureza não...

Bibi: Esse aí do macaco está ótimo.

Então pronto. O enxoval tá finalmente terminado - tem lençol, toalha, roupinha, banheirinha (minha sogra não me deixa dar banho no menino na banheira de adulto). E tem também o móbile mais estapafúrdio do mundo, verde neon e com um macaco.

Quem quiser colaborar, é só clicar aqui e entrar meu nome e sobrenome na pesquisa.

 

Dragão tatuado no braço...

... ou, no dia que eu tomar coragem, na lateral do corpo subindo da cintura até o sovaco. E quando esse dia chegar, fica aqui a inspiração.

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Pensem nas mulheres, rotas alteradas...

pensem nas feridas como rosas cálidas
mas não se esqueçam da rosa, da rosa
da rosa de Hiroshima, a rosa hereditária

Rosa de Hiroshima, 1973, Vinícius de Moraes e Gerson Conrad

A mulher do cotidiano é a melhor personificação do paradoxo entre o tradicional e o moderno no Japão. Da menina com sua farda azul e branca e seus penduricalhos de pelúcia voltando do colégio, à jovem com seu estilo próprio misturando  texturas e cores pra enfrentar a cidade, à mulher adulta com seu kimono de seda fazendo compras no domingo, à velha encurvada acendendo incenso pra Budha no templo.

Não importa a escolha do traje, a elegância e a graciosidade são constantes.

Uma festa pros olhos.

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Passar uma tarde em Harajuku

O guia mandava a gente ir passar o domingo no bairro de Harajuku, pra presenciar as "meninas Harajuku"  fantasiadas de tudo um pouco. Chegamos na estação de metrô e já dava pra notar o movimento. Parecia dia de Carnaval, com gente saindo da estação em hordas.

Começamos descendo a rua Omotesando, com suas lojas chiques e um milhão de transeuntes passeando, olhando as vitrines. Quebrando à esquerda, passamos por umas ruas estreitas, ainda cheias de lojas, mas mais voltadas ao público jovem. Até que culminamos na rua Takeshita, um inferno de adolescentes vestidas de boneca, procurando tudo que for rosa, ou fofo, ou de pelúcia, ou de tutu de bailarina, ou de Alice no País das Maravilhas.

Pra descansar da correria das vitrines, passamos pela ponte Jinku, onde as meninas Harajuku já tinham se recolhido, e fomos andando até o parque Yoyogi. Parada obrigatória pra comprar um takoyaki na barraquinha e seguir até o parque pra achar um lugar pra comer (eu falei que no Japão não se come na rua, né?). O takoyaki é um bolinho frito de polvo, servido com uma série de molhos indecifráveis e farinha de bonito seco. Não é almoço, mas dá pra encher o buraco do dente.

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Ficamos no parque descançando e vendo o show de Rockabilly com os Elvis descamisados e as meninas com saias de babados. Depois passear pelo jardim de rosas pra ver como é que o japonês passa a tarde de domingo.

Lá pras três e meia deu vontade de almoçar então voltamos pra Omotesando pra achar um sushi de barquinho, daqueles que você senta no balcão e o sushi passa numa tigelinha na sua frente. Bibi e seu Minoro curtiram, enquanto eu ia dizendo "esse eu não posso, esse eu não posso, que diabo que é isso?, camarão aferventando eu posso, esse eu não posso"...

Harajuku deixou saudade.