Duas semanas atrás eu assisti Religulous, um documentário sobre certos aspectos de diversas religiões organizadas que beiram o ridículo. Coisas tipo cobras falantes e Jonas, o homem que mora na baleia. O filme foi feito por um comediante, filho de um católico e uma judia, e que hoje não acredita em muita coisa.
O filme foi super interessante e terminei conversando com Bibi sobre os vários rituais católicos, principalmente a primeira comunhão. Minha experiência foi traumatizante. Era meu primeiro ano de Marista, e de repente eu tenho que passar o dia inteiro no Lar Marista ouvindo reza e leituras da bíblia (que nunca tinha lido; eu cheguei no Marista na quinta série sem saber rezar) e depois tinha que rolar confissão.
Eu fiquei travada. O que uma menina de 11 anos tem pra confessar? Eu fui deixando todo mundo passar na minha frente, porque tinha medo do confessionário. E se meu pecado fosse errado? Terminei sendo praticamente a última pessoa a me confessar:
"Padre, às vezes eu uso o nome de Deus em vão"
Meu pecado me custou três ave-marias, que rezei enquanto tomava banho, senão perdia o ônibus de volta pro Marista. Minha foto da comunhão meu cabelo ainda está molhado.
O pecado de Bisou foi bem mais interessante, e aparentemente menos traumatizante:
"Padre, às vezes eu bato em abuso meu irmão"
Ontem estava conversando sobre isso com uma amiga minha que é muçulmana, e tive uma revelação. Ela cresceu no Líbano mas frequentou uma escola católica, e teve que fazer eucaristia com o resto da turma. Aconteceu da primeira comunhão coincidir com o Ramadã. O pecado dela foi ter comido a hóstia, assim violando o jejum muçulmano.
Atos de religião são muito complicados mesmo. E muito frequentemente, também são ridículos.
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