Pra fechar com chave de ouro, fizemos um de meus passeios prediletos: dirigir de Vegas até o Grand Canyon West e passar uma meia hora sentados no chão de vidro do Skywalk babando as maravilhas da natureza. O rio Colorado fica 4 mil pés pra baixo, e não é incomum ver os corvos voando abaixo de você. Isso mesmo: ABAIXO. Não é natural. Pra mim, que tenho medo de altura, é uma das coisas mais lindas e mais aterrorizantes do mundo...
Acordamos cedo, ainda lembrando de todos os momentos do show Kà (as borbulhas do mar, as sombras com as mãos, a areia caindo) e pegamos a estrada pro Arizona. Parada rápida no Hoover Dam pra ver a represa e tirar fotos, e depois seguimos pelo deserto. Lila disse que já tinha visto todos os tons de marrom possíveis, mas é impossível não se seduzir pela beleza do deserto (o rapaz da Nike soube reconhecer o barro do tênis de Eda - disse logo que não era de Vegas!).
Pra mim, a viagem fica mais interessante ainda quando se sai da pista de asfalto pra pegar a estrada de barro pela reserva indígena. São 49 milhas passando no meio do nada, levantando poeira, só Joshua Tree de um lado e morro do outro. Faz a gente apreciar a vida que leva; os problemas ficam pequenos quando a perspectiva é grande assim.
O Skywalk é surreal - uma passarela de vidro em forma de ferradura saindo do Canyon. Por mais que minha mente saiba que o primeiro passo é igual a qualquer outro, meu coração realmente acredita que eu tô me jogando lá embaixo. Obrigada Lila pela paciência de segurar minha mão até eu controlar as lágrimas e o desespero. E obrigada Eda por me mandar pular. E de novo. E mais uma vez.
Depois de ver a águia no Eagle Point a gente vai pro Guano Point e curte o despenhadeiro ainda mais de perto, dessa vez sem a proteção do vidro. Um buraco desses faz a gente se sentir no topo do mundo. Não tem foto nem descrição que faça jus a realidade do Canyon. Tem que ir lá experimentar pessoalmente, com o vento soprando forte na cara e se sentir vivo de verdade.
E por mais que seja cliché, pegar o pôr-do-sol na estrada é o desfecho ideal pra esse passeio perfeito. Mesmo quando Eda está dando aula sobre pintos e peitos podres. Mesmo quando eu tô pilotando o iPod e forçando a galera a ouvir "Ela deu o rádio". Mesmo quando a luz do tanque de gasolina está acesa e a única luz é a das estrelas e não tem sinal de celular (na moral, EU TENHO QUE APRENDER A ENCHER A PORRA DO TANQUE QUANDO EU VEJO UM POSTO).
Essa visita das meninas foi umas das melhores coisas que me aconteceram esse ano. Tanto que eu quase as impeço de ir embora: na porta do aeroporto eu tranquei o carro com a chave e as malas dentro. Não fosse meu marido super-herói elas iam ter que passar mais uns dias comigo!
As fotos da viagem estão aqui. Oxalá que tenha repeteco ano que vem. Até lá, eu acho que vou ter que lavar meu chinelo...
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