Nas Paradas da Gegeu

Bridge School Concert: Eddie Vedder me lembrou que eu tô ficando velha e meu filho não-nascido se amarrou em Billy Idol

Época de vacas gordas é o que há. Bibi ganhou ingressos de graça da empresa pra irmos ver o show do Bridge School, um evento beneficente anual que angaria fundos pra uma escola de crianças com defeitos físicos e de locução.  Como de graça até injeção na testa, pense aí em show do Pearl Jam?

Descemos de carro pra Mountain View e a vista da estrada indicava que ia cair um toró daqueles. O Shoreline Amphitheatre é uma concha acústica - fui logo pensando onde é que eu ia amarrar o meu jeguinho. Chegando lá que vi que a empresa de meu marido tá botando pra lá mesmo. Os assentos eram perto e bem no meio do palco, na parte coberta. Melhor que isso só eu podendo tomar uma cerveja...

O show começou com Modest Mouse (um saco) e continuou com várias outras atrações que foram igualmente chatas. Como o show é de caridade, cada artista só tocava 30-40 minutos, graças a Deus. Meu filho entediado ia se divertindo às custas de me dar pontapé nas costelas. A chuva caindo, o frio chegando, e eu começando a considerar ir embora.

Aí chega Billy Idol.

O cara ARRASOU. Pense num show ligado no 220, com 15 mil pessoas cantando "Dancing with Myself" e "Rebel Yell".

 

A pessoinha dentro de minha barriga AMOU. Os pontapés pararam imediatamente e o menino ficou zen, curtindo horrores o show de rock.

Aí entra o Elvis Costello e diz :

Nossa, como Billy tava bom. Eu me lembro da primeira vez que vi o show dele, 33 anos atrás, na época que ele era famoso.

Porra de elogio escroto! Sabe o quê, Elvis? Billy ainda agita pra caramba, e o seu show foi um porre total. Então guarde sua opinião pra depois, pode ser?

O show terminou fechando com chave de ouro: Pearl Jam. Começaram tocando "Last Kiss" e fizeram vários arranjos acústicos interessantes. O meu favorito (como sempre) foi Black , com direito a quarteto de cordas. 

 

Tudo muito lindo até que Eddie Vedder fala:

A 20 anos atrás, ontem, a gente subia no palco pra fazer nosso primeiro show. Nossa, como o tempos passa. 

Pois é, Eddie. Eu não vi o seu primeiro show, mas comprei seu primeiro CD, que eu ouvia sem parar no terceiro ano colegial. A minha pessoa já está cheia de rugas e dores nas costas, não precisa ficar me lembrando dessas coisas não! Só cante suas canções com essa voz maravilhosa que você tem e fica tudo nos conformes...

Vampire Weekend

Caetano, venha cantar aquele kuduro que você gosta!

Ontem teve show de Caetano Veloso, por conta do Festival de Jazz de San Francisco.

A primeira vez que vi Caetano ao vivo, foi o show Circuladô. Estava no Marista ainda, e o show foi na Concha Acústica. Lotado. Eu lá na casa da porra, não dava pra ver nada. Mas dava pra sentir a emoção do público, ainda mais quando Luiz Brasil tocou o hino do Senhor do Bonfim.

O segundo show eu já estava na faculdade. O disco era Prenda Minha e o espetáculo foi no TCA. Eu sentada lá na fila K, um milhão de vezes mais perto dele, mas não perto suficiente. Caetano de terno de veludo, com seu violão tocando a sua bossa.

Então foi com muita emoção que peguei o táxi pro show ontem. Comprei os ingressos dois meses atrás e consegui pegar fila E. Eu, com minha latinha de Guaraná Antarctica na mão, ia pensando em gritar: "Caetano, dá pra ver suas rugas daqui!" de tão perto que eram os nossos assentos.

O palco do Masonic Center é pequeno e a organização do teatro é bem íntima, com uma acústica maravilhosa. No meio do palco uma asa delta, e uma tela de cinema por tráz. Aê. Vai ser show.

Apagam-se as luzes, e dá pra ver os vultos subindo no palco. O público explode em aplausos. A guitarra, bateria e baixo começam a tocar... Luz acesa, e aí posso ver... Caetano vestido de calça de algodão branco com um casaquinho marrom. O cabelo todo branco, de óculos. Parecia um velhinho de pijama. Aí para tudo e ele canta:

ENTÃO PODE DAR CORDA

ENTÃO PODE DAR CORDA

ENTÃO PODE DAR CORDA

ENTÃO PODE DAR CORDA

TEM QUE SER VIOLA

TEM QUE SER VIOLA

TEM QUE SER VIOLA

TEM QUE SER VIOLA

KUDURO, KUDURO, KUDURO!

Esse divórcio de Caetano tá interessante, hein? Tudo bem que ele depois cantou a música dele, mas olha aqui pra você ver que não tô mentido.

A maior parte do show foram as músicas novas, que não conheço. Canções experimentais, me lembraram o disco Araçá Azul. Umas boas, a maior parte nem tanto. Caetano está apaixonado pelo Rio, a tela mostrando imagens lindas da Lapa, da floresta da Tijuca, da pedra da Gávea, da praia de Copacabana. Tudo isso passando de background para um repertório de versos incluindo "tarado ni você", "que bunda", "lobão é melhor que leão".

Mas não pude conter a alegria quando ele cantou pérolas como "Maria Bethânia", "Desde que o Samba é Samba", "Leãozinho". A voz dele era pura doçura quando cantou "Trem das Cores" e "Não Identificado". E o arranjo de "Eu sou Neguinha" foi absolutamente espetacular.

Caetano, pode rebolar o quanto quiser com seus cabelos brancos. Eu vou te ver toda vez que puder. E de repente quem sabe eu chego na fila A da próxima vez.

John Mayer, essas meninas gritam BEM mais que eu!

Sexta-feira rolou o show de John Mayer. Eu não conheço todo o repertório do rapaz, mas me amarro em dois CDs ao vivo dele: o Try! e o Where the Light Is. Ambos tem arranjos de jazz interessantes, além das baladas típicas. Então arrastei Bibi pra San Jose, onde rolou o show.

A banda que abriu foi Michael Franti and Spearhead. O show foi lindo e super animado. Michael desceu do palco várias vezes, dançou e cantou com o público, deu a guitarra pra um fã tocar, e deu várias "voltas no guetto". Eu, de lá de cima, pensei: esse povo é educado mesmo. Ninguém passou a mão na bunda dele ou levou o chapéu do homem como lembrança. 

O show de abertura culminou com a música "Say Hey" que agitou bastante o público. Michael pediu para todas crianças subirem no palco pra cantar com ele. Um menininho de seus 7 anos fez o desfecho cantando "I love you, I love you, I love you". Bem que podia ter sido João, né?

John Mayer tem fama de mulherengo e eu esperava ver um monte de mulher na platéia, mas você não tem noção da sopa de calcinha que foi esse negócio. Na hora do intervalo é que deu pra ver que tinha mais mulher que salão de beleza sábado de tarde. Todas arrumadas, com sapato alto e blusa decotada, como se John fosse vê-las sentadas na ala 327, lá no terceiro andar. 

O show dele foi mais ou menos. Muitas baladas que eu não conhecia e não faço questão de conhecer, mas vez ou outra rolou um momento legal. Como a versão maravilhosa que ele fez de "Ain't No Sunshine". Ou o solo de bateria de Steve Jordan - cada vez que o cara parecia que ia parar, ele começava tudo de novo. Impressionante o talento do baterista!

E, claro, quando John cantou "Gravity", minha canção favorita. Lindo. Pena que não deu pra curtir tanto. O show foi no HP Pavillion, com capacidade pra 16 mil pagantes, e estava lotado. Lotado de mulher berrando. 

Show de John Mayer de novo, só se for pra público de 200 pessoas ou menos. Ou eu tô ficando velha, ou essas meninas tão com mais fôlego.

Nouvelle Vague, chiclete e hidrocor

Maya me deu um disco do Nouvelle Vague uns três anos atrás. A banda é francesa e o repertório é constituído de covers de músicas dos anos 80 e 90 em ritmo de bossa nova, tipo essa versão linda de "Love will tear us apart".

Eu ouvi, gostei, mas depois me esqueci. Até semana passada, quando eu soube que eles iam tocar em San Francisco. Ontem foi o show. MUITO BOM!! Fiquei fã total! O show estava animado e foi engraçado notar que uma das cantoras era na verdade brasileira. Mas o mais interessante foi o processo da segurança na porta do show:

Segurança: Você está trazendo chiclete ou hidrocor?

Eu: Não.

Segurança: OK.

Pode, Freud? Cada um com sua maluquice...