Nas Paradas da Gegeu

O fim de uma era

Tiago tá doente desde o fim de novembro. Primeiro era Roseola, agora acho que é resfriado mesmo. Na proverbial época das vacas gordas eu tinha guardado um tanto de meu leite pra um dia de necessidade. Então foi ele adoecer pra eu degelar os pacotinhos de leite materno, achando que algum dos meus anticorpos vai fazer essa doença melhorar.

Hoje eu degelei o último pacote. Segundo Maria Helena, Tiago caiu no chorou quando acabou a mamadeira. Eu fico feliz de ter amamentado até os 9 meses dele, e ter guardado leite congelado até ele quase fazer um ano. Mas uma parte de mim fica com nostalgia de uma fase que eu sei que não tem volta. Da cumplicidade de dar mama a ele. Da idéia que parte de mim é combustível pra ele.

Mas nada de espelho retrovisor. Bola pra frente. Em três dias ele vai conhecer a terra dos pais dele, a família, os amigos, a água do mar gostosa do banho medicial. Três dias. Não vejo a hora.

 

 

Cartas de amor são ridículas. Tatuagens na coxa são mais...

Tô lendo o Globo.com e me dou com a pérola abaixo:

Dani Bolina foi surpreendida pelo marido com uma homenagem: seu rosto tatuado na coxa dele. Mateus Verdelho decidiu fazer a homenagem a ex-panicat, com quem é casado há um ano, no último fim de semana.  No Twitter, Dani mostrou a "arte" do maridão.

"Olha que homenagem que recebi do meu marido! Ameiiii", escreveu ela.

via ego.globo.com

Eu não sei quem é Dani Bolina, nem quem é o marido dela, mas pelo amor de deus gente, que negócio é esse? Pela foto mais parece que o rapaz tava era querendo cobrir uma tatuagem prévia.

E se não bastasse a cara da moça, fantasiada de palhaço, ainda tem que assinar "u r the best, fuck the rest. lov u". Em inglês mal escrito, e mal posicionado que fica parecendo que a tatoo diz "you are the best fuck". 

Bibi, demonstração de amor dessa eu não preciso não, tá?

Almira, bota mais água no feijão...

... que eu tô chegando dia 10 de dezembro. Passagem comprada, agora é contar os dias.

Desfiando chuva

Eu tenho vagas mémorias de uma viagem pro Piauí, quando eu era pequena. A gente tinha ido passar as férias na casa de meu pai, ver os primos e a fazenda. Não me lembro de quase nada, mas tenho essa idéia da viagem de volta, sentada no carro no banco de trás, atráz de meu pai. O vento na cara, que meu pai sempre ia pela BR com o vidro da janela arriado, olhando a vastidão que é o sertão nordestino. Marrom do lado de lá, marrom do lado de cá. Um mandacaru aqui e ali.

Até que meu pai disse: "Tá vendo ali, filha? Tá desfiando chuva." Olhei pra frente pra ver uma nuvem escura, com um fiapo de água que se via de longe, naquela imensidão árida. Mais pra frente as nuvems ficaram mais fechadas e meu pai me perguntou: "Já pensou como deve ser tocar numa nuvem?" e meti a cara entre os bancos da frente pra ver o rosto de meu pai, o retrato misto de nostalgia e fascinação, coisa que só sente quem cresceu com a seca e sabe o valor de cada gota de água.

No feriadão de Labor Day a gente foi pra Tahoe. E do alto da montanha de Squaw, a 9 mil pés de altura, olhei pro horizonte e dei de cara com a chuva desfiando. E quando senti o vento do topo da montanha batendo na cara, em vez de entrar e proteger Tiago do tempo, resolvi sentar na beira do precipício e dar comida pra ele, olhando a chuva cair em fiapos sobre a floresta lá em baixo. Eu não sofri com a seca, mas a saudade de meu pai é grande.

Tiago, quando você crescer e ver um tiquinho de água escorrendo do céu, que você se lembre de sentir o vento na cara e saber que seu avô - e sua mãe - te amam.

 

The Rope of the Bubble Gum

Explicando a Tiago que a corda do Chiclete não é lugar pra um nenêm de respeito.